Queimadas continuam e população reclama de transtornos à saúde em Valença
Valencianos têm enfrentado problemas respiratórios.
Há alguns dias, os moradores de Valença do Piauí convivem com um problema até agora sem solução: nuvens de fumaça que encobrem alguns bairros da cidade todas as noites e dispersa durante o dia.
A população sofre com os efeitos e já não sabe a quem recorrer. Muitos não conseguiram ao menos dormir. É o que afirma a dona de casa Carmen Araújo, 40 anos.
Ao Portal Grande Rede, ela conta que coloca toalhas molhadas em aberturas de portas e janelas para evitar que a fumaça entre em sua casa. Também espalha baldes cheios de água nos cômodos de casa.
"Essa noite foi a pior. Passei mal de madrugada. Acordei com um bem-te-vi em minha janela, inquieto. Se estamos tendo dificuldade para respirar, com os animais não é diferente", disse.
Sufoco também passa a dona de casa Michelle Pereira, 33 anos. "Desde que essas queimadas tiveram início, que não dormimos direito. Se ligamos o ar-condicionado, a fumaça invade o quarto. O jeito é tentar dormir usando apenas o ventilador, que, no verão pouco ameniza a temperatura", disse.
Mas, ainda que a população tente minimizar os problemas causados pelos pequenos incêndios, há vítimas. Principalmente as crianças.
O pequeno Paulo Emanuel Nunes, de 5 anos, está há quatro dias com tosse e secreção nasal. Segundo a mãe do menino, Daniele Nunes, de 36 anos, a fumaça fez com que ele faltasse aula.
"Não temos condição de sair de casa com ele nesse estado. Há quatro dias, a situação é essa: sintomas de gripe e dificuldade para respirar. Estamos passando por um mal estar que não parece acabar", reclamou.
Daniele disse ainda que, como mãe, acorda todos os dias revoltada ao ver que a fumaça ainda encobre sua residência, que fica localizada no bairro Morada Nova.
Segundo ela, ‘a fumaça só piora’. "No domingo, ficamos em casa com tudo fechado porque não tinha como abrir nada. A fumaça era extremamente forte. É muito complicado", disse.
Perigo
A fumaça originada da combustão pode causar morte ou graves lesões por três mecanismos básicos: injúria do trato respiratório pelo calor do ar respirado, asfixia por falta de oxigênio e irritação direta da árvore pulmonar.
Os perigos de inalar fumaça de incêndio variam desde queimaduras nas vias aéreas como o desenvolvimento de doenças respiratórias até cinco dias após a inalação.
Dependendo da quantidade de fumaça inalada, a pessoa pode evoluir de intoxicação respiratória para morte, entre dois e cinco minutos. Entretanto, as pessoas que inalaram uma quantidade menor de fumaça ainda podem sofrer conseqüências por até três semanas, desenvolvendo infecções respiratórias.