Time feminino usa escudo da Chape e busca vaga no Brasileiro: "Dá mais força"
Sensação no Piauí, equipe adota brasão de clube de SC em homenagem aos guerreiros de Chapecó. Elenco tem garçonete, mães e superação: sem salário, vão a pé ao treino e querem brilhar no futebol
O futebol aproxima Campo Maior, interior do Piauí, e Chapecó. É com o escudo em homenagem à Chape que o time feminino da cidade piauiense joga seu primeiro ano no campeonato estadual da modalidade, em busca da vaga na Série A2 do Brasileiro da modalidade. O brasão da
Associação Desportiva Campo Maior no coração virou a força do grupo de 15 atletas, que sentem a responsabilidade de carregá-lo. A ideia de formar a equipe em homenagem à Chapecoense vai além da homenagem, do gesto de carinho: para elas, o espírito guerreiro dos heróis campeões da Sul-Americana mortos na queda do avião na Colômbia está ali, junto delas. Assista à reportagem no vídeo acima.
Do elenco, muitas são mães. Dividem o tempo de cuidar da casa com os treinos e as partidas do campeonato. Nenhuma atleta recebe salário, estão no time pela vontade de jogar futebol. Depois de cada partida, ganham um jantar e, às vezes, alguma ajuda financeira – dinheiro miúdo. O clube ajuda com as passagens, gasolina e cuidados médicos. As jogadoras vão até o estádio Deusdeth de Melo, local dos treinamentos durante apenas três dias por semana, de todos os jeitos: a pé, de bicicleta, moto, carona com o presidente ou de ônibus. Esse é o espírito de luta do time, fundado há um mês.
E quem faz essa equipe? É com alegria que a atacante Cris fala em ter marcado o primeiro gol de Campo Maior – feito que rendeu até uma placa. Desde os 11 anos, ela joga bola. Mas não é só dos campos que vive. Para sustentar os filhos Ruan, de 12 anos, e Raul, 10, a craque do time trabalha como garçonete numa churrascaria na cidade. Das gorjetas que ganha, às vezes centavos, ajuda na renda de casa.
- Tem dia que chego em casa com centavos, R$ 10, R$ 20, R$ 30. Trabalho por comissão. É pouco? É uma forma de trabalhar. A expectativa é trilhar no futebol, com fé melhorar. Jogo por isso. Esse escudo nos faz lembrar a Chapecoense. Espero que com essa força do escudo, a gente cresça. Estamos com um elenco bom, quero que a gente cresça e tenha oportunidade de jogar em um time fora. Isso me deixa emocionada, fazendo essa história aqui – relata a camisa 11 do time.