Lula pediu à Odebrecht que ajudasse filho a iniciar carreira empresarial
Segundo Alexandrino Alencar, objetivo de Luís Cláudio, filho do ex-presidente, era criar liga de futebol americano. Instituto Lula disse que, mesmo que relato seja verdadeiro, não configura ato ilegal.
O ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar afirmou em depoimento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à empresa que ajudasse um dos filhos dele, Luís Cláudio, a iniciar a carreira empresarial (assista ao vídeo acima).
Ainda segundo o delator, em contrapartida, Lula ajudaria a melhorar a relação entre Marcelo Odebrecht e a então presidente Dilma Rousseff.
Alexandrino Alencar deu a informação ao Ministério Público Federal ao prestar depoimento no acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
Procurado pelo G1, o Instituto Lula divulgou a seguinte nota: "Delações são relatos unilaterais para a obtenção de benefícios judiciais. São indícios de provas, não provas. Mesmo que o relato de Alexandrino Alencar seja verdadeiro, os fatos teriam acontecido após Lula ter deixado a presidência, quando não exercia nenhum cargo público e sequer seriam atos ilegais."
Segundo o delator da Odebrecht, o pedido foi feito por Lula para que a empresa ajudasse Luís Cláudio a criar a Touchdown, companhia que ganizou partidas de futebol americano no Brasil.
Alencar não deixou claro, contudo, quando a conversa ocorreu, mas, também em depoimento, Emílio Odebrecht, dono do grupo Odebrecht, afirmou que as conversas com Lula sobre a ajuda a Luís Cláudio ocorreram entre 2012 e 2014, portanto, após Lula ter deixado a Presidência da República.
Carreira empresarial
Ao relatar aos investigadores o episódio, Alencar disse que o pedido de ajuda de Lula ao filho foi feito a Emílio Odebrecht. O delator afirmou, ainda, que a primeira conversa da Odebrecht com Luís Claudio ocorreu cerca um mês depois do pedido feito por Lula.
"Luís Claudio apresentou o projeto dele, o Touchdown, projeto de futebol americano. E a ideia dele era criar uma liga de futebol americano profissional no Brasil", disse o delator.
Na sequência do depoimento, o ex-executivo da Odebrecht informou ter identificado a necessidade de ajudar Luís Claudio nas áreas jurídica, contábil e de marketing, mas pagou somente a ajuda de marketing.
Para essa ajuda, acrescentou Alencar, a Odebrecht contratou a Concept, empresa que já havia feito trabalhos para a construtora. De acordo com o delator, ao todo, a construtora pagou 90% dos custos dos serviços da Concept para a Touchdown e Luís Claudio, os outros 10% (o contrato durou três anos).
"A Concept foi remunerada em torno de R$ 630 mil por nós e R$ 70 mil por ele [Luís Claudio] durante 3 anos. Meu compromisso original com o presidente [Lula] e com o Emílio era de 2 anos. Depois, ele voava sozinho. Então, ampliamos porque ele [Luís Claudio] se atrapalhava e não decolava. Renovamos mais um ano", afirmou o delator, acrescentando que chegou a comentar com Lula que Luís Claudio era "meio turrão".